segunda-feira, 2 de julho de 2012

A BATALHA DO FORTE KEFF

Olá a todos os andarilhos dos planos !!!  O artigo que irei traduzir hoje, como o anterior, vai nos aproximar de outra figura bem popular na história recente do Magic: Gideon Jura ! Infelizmente não poderei postar a origem e o começo da trajetória deste poderoso guerreiro "HOJE". A primeira aparição dele foi no romance "O Fogo purificador" de Laura Resnick, e eu ainda não tenho o livro e nem achei muitas coisas dele na net. Mas sem problema !!! Vou passar pra vocês uma história tão ou mais interessante do que as primeiras aventuras do planeswalker branco: A última vez em que ele foi visto oficialmente e o motivo pelo qual eu acredito seriamente em seu "RETORNO A RAVNICA".

 Mas primeiro uma introdução: Gideon foi introduzido no romance como um caçador de recompensas, Perseguindo Chandra Naalar(a protagonista do livro) através do Multiverso. Um jovem com um passado obscuro e criminoso, adotado posteriormente por um Hieromante, o jovem Gideon descobriu o valor e o poder da honra encontrada no Mana branco. No romance, ele persegue Chandra por comando da "Ordem de Heliud", uma organização de adeptos do Mana Branco que queriam Chandra morta. Depois de descobrir as verdadeiras intenções da "Ordem", Gideon abandonou sua caçada e ele e Chandra partiram cheios de mágoas entre eles.

Depois de um tempo, ele lamentou a maneira como as coisas haviam terminado e começou a procurar no Multiverso pela Maga vermelha. Depois de seguir os rastros dela por muitas semanas, ele descobriu que ela havia sido vista em Zendikar, o plano onde o mana era tão selvagem que a própria terra se movia. No entanto ao chegar em Zendikar, ele não encontrou nenhum sinal da Piromante. O hábito que Gideon adquirira de Proteger os outros acabaria por levá-lo em direção ao perigo novamente...

"O rastro de Chandra morria em uma seca e estéril passagem montanhosa na cordilheira de Akoum, e ele não sabia mais o que  fazer. Gideon cogitou transporta-se desse mundo hostil e cruel neste exato momento, mas ele estava exausto, depois de rastreá-la por dois dias( e ter quase morrido em diversas ocasiões) e ansiava por uma boa noite de sono ou o mais próximo disso que ele pudesse arranjar no inóspito mundo de Zendikar.


A luz do dia já estava no fim, e ele retornou pela trilha na montanha até um acampamento cercado por altas muralhas naturais, onde ele havia passado mais cedo naquele dia. O soldado no portão estava relutante sobre admitir a sua entrada depois do por-do-Sol, mas Gideon ressaltou que o Sol ainda se mostrava acima das enormes encostas que circundavam o acampamento. Finalmente, o soldado Grisalho o deixou passar com um rude: "Bem vindo ao forte Keff, o refúgio  mais seguro das Akoum."


Não havia muito para se ver em Keff, mas ele era bem protegido. O baluarte havia sido construído na boca de uma ravina e por isso ela era protegida em três lados por encostas. Dentro do forte, a maioria dos habitantes viviam em grosseiras habitações encostadas nas rochas. Os exploradores e os caçadores eram bem-vindos e podiam armar suas barracas sob a pedra que cobria o acampamento e o protegia de ameaças aéreas. No fundo da ravina havia um rio veloz que corria e desaparecia em um túnel na montanha. Uma fonte inesgotável de água que era um suprimento crucial para a longevidade do refúgio.


Depois de conversar com alguns habitantes, Gideon descobrira que o Forte fornecia suprimentos para uma renomada escola de curandeiros, que cultivavam ervas em jardins estabelecidos ao longo das margens do rio. A população do Forte era incrivelmente jovem. muitas tribos enviavam seus filhos para viver na relativa segurança de Keff.


Depois de pagar por uma gorda canela de carne salpicada, Gideon sentou-se próximo a um aventureiro cicatrizado chamado Trafe, que ofereceu a ele um lugar próximo ao fogo. Enquanto comiam, Trafe provou-se um homem bem versado na arte de contar histórias e entretia  a todos com contos mirabolantes de suas várias aventuras como um explorador a serviço da "Casa exploratória de Akoum".


"---- E então a runa na pedra que era a chave explodiu !!! Ao menos consegui tirar minha cabeça do caminho !!!----" Trafe disse, rindo. Ele retirou a sua luva e mostrou a Gideon o buraco que existia no meio de sua mão.


"---- Eu acho que nunca vi um buraco no meio da mão de um homem."---- Gideon disse a ele."---- Pelo menos não na mão de um que ainda respirasse."


"---- Sim... Devia haver algum encanto naquela armadilha. E que agora está no ferimento, eu diria.----" Trafe respondeu."----" Ao menos temos o amuleto !!! Danem-se os caras que armaram aquilo, porque não me pegaram !!!"


Logo, o tom da conversa mudou. Trafe começou a contar a Gideon historias pertubadoras que eram espalhadas pelos refúgios em toda Zendikar. As coisas estavam ficando estranhas. A terra estava mais imprevisível do que nunca, o que era muito, considerando o quanto o terreno geralmente já mudava. Gideon já havia experimentado cair num redemoinho, quase não escapando com vida de um colossal turbilhão que varreu a passagem na montanha tão inesperado quanto uma tempestade de neve em um deserto.


"----Qual a razão de tal mudança ?"---- Gideon indagou.


"---- Alguns acham que a terra está zangada."---- Trafe respandeu.


"----E o que você acha ?"---- Gideon perguntou.


Trafe ficou quieto por um longo tempo. Então ele olhou ao redor como um homem que tem algo a esconder. "Você parece um homem viajado. Já deve ter visto coisas estranhas com certeza. Então talvez não me julgue se eu parecer um pouco... confuso. Eu já explorei muito esse mundo e já fiz coisas que ainda me assombram. Mas o que eu vi a dois dias atrás...


Trafe parou. Seu rosto ficou palido e suas mãos tremeram. Gideon se preocupou e deu a ele um gole d'água. Ele bebeu profundamente e então continuou a história.


"----Eu não costumo me aventurar aí fora sozinho. É melhor com companheiros, sabe. Mas eu conheço as montanhas por aqui. Eu estava caçando javalis no bosque Jaddhi, bem abaixo da cordilheira do "Dente Serrado". Então de repente, o mundo escureceu ! Não era como se a noite tivesse caído, mas como se eu tivesse sido jogado em um caixão e deixado pra morrer. Ainda assim, eu estava acordado. Eu admito que me desesperei. E sair correndo ás cegas foi muita estupidez. E eu me esborrachei em algo duro. E eu não me lembro de nada... até acordar em um campo de carne."


Gideon mexeu sua cabeça, surpreso:---"Carne ?!?! Tipo, pele ?!?!?!"


Trafe bebeu outro gole de água." Eu sei que parece impossível, mas o bosque havia se tornado uma extensão de carne e ossos e nervos todos cobertos por um pó amarelo que queimou meu nariz e olhos.Um pó que transformava o horizonte em cor de açafrão. Havia restos de pele ensanguentada e cabelos presos a minha roupa mas eu não estava ferido. Eu corri pelo meio da carnificina e do amontoado de corpos que chegava até o joelho. Escalei a cordilheira e ao olhar por sobre ela vi que o mundo ainda era uma paisagem selvagem e exuberante. Mas atrás de mim o que jazia lá embaixo era algo inimaginável... NASCIDO DA LOUCURA !"


Gideon pensou na história que ouvira." Não foi uma ilusão, suponho!"


Tafre balançou a cabeça miseravelmente." Eu ainda posso sentir o gosto do sangue. Aquele pó penetrou minha pele. Eu não paro de pensar o que seriam aqueles corpos."


Naquela noite, Gideon sonhou com Chandra coberta por uma pira branca. Ela gritava. Não, ele percebeu que o grito vinha de fora do sonho--- Um urro animalesco de dor e medo. Gideon estava de pé antes de estar completamente acordado. Ainda era noite, Mas o povo se amontoava na beirada da ravina para observar uma criatura ferida rastejar pela margem do rio. Tinha o corpo largo e volumoso, mas era humanoide. Tinha uma testa larga e ombros musculosos e inclinados. Suas características eram vagamente aquáticas, mas não parecia com os tritões que Gideon havia visto em Zendikar. Depois de derruba-lo a pauladas, os soldados jogaram uma rede pesada sobre ele, enquanto ele resmungava em uma língua incompreensível.


"Você já viu uma criatura desse tipo antes ?" Gideon perguntou a Tafre, que surgia nesse momento ao seu lado.


"É um Surrakar !" Tafre respondeu. " A maioria de sua raça vive em Bala Ged, longe daqui. Não consigo imaginar como ele escorreu até aqui em Keff."


"É inteligente ?" Gideon perguntou enquanto observava os soldados arrastarem o prostrado Surrakar até um jaula de madeira na frente do portão e o arremessarem grosseiramente dentro desta.


"Não ! São só feras !" Trafe respondeu.


Gideon esperou que a multidão se dispersa-se e ele ficasse sozinho com o Surrakar. Sua respiração era leve mas trabalhosa, ele fitava Gideon através de seus pequenos olhos negros. Mas parecia haver sentimento e inteligência por trás daquelas pupilas escuras,e Gideon começou a sentir pena da criatura cujo único erro havia sido emergir no lugar errado, na hora errada.


Gideon já se virava pra partir, quando a mão em forma de garra da criatura passou por entre as grades e tocou suavemente o braço dele.


"Os Deuses estão chegando !" Ele sussurrou. " Mate-me agora, por favor !!!"


Gideon não duvidou que o capitão da guarda de Keff era um homem honesto que levava seu dever muito a sério. Ainda assim, Ele havia conseguido ter uma amostra de seu lado ruim, apesar de seus esforços em ser o mais diplomático possível em uma situação que se deteriorava rapidamente. Refugiados chegaram ao já populoso refúgio durante toda a manhã. Ao meio-dia, uma multidão formada de mulheres e crianças chegou ao portão principal, Muitos feridos e todos horrorizados. Eles haviam fugido de um vilarejo onde todos os homens morreram enfrentando o que eles chamavam de "insetos-demônios". Nenhum deles parecia estar completamente são, algo que o capitão atribuiu ao medo, mas Gideon suspeitou que havia algo bem mais Sinistro por trás disso.


Ao menos, era o que ele tentava dizer ao capitão, que se recusava a ouvir Gideon e suas histórias sobre o Surrakar "falante". 


Gideon amaldiçoou a mente provinciana do capitão. Ele sabia que não era culpa do homem, Mas ele não conseguia explicar francamente para o oficial a importância do que o Surrakar havia dito.
 Ele passou horas tentando conversar com a criatura e o que ele havia conseguido entender de sua rudimentar língua era que os "Deuses" que seu povo já cultuou, não eram deste mundo. Eles haviam surgido do vazio sem cor, sem tempo e sem fronteiras. E a menos que alguém os detesse eles iriam "mastigar a carne e cuspir fora os ossos" de toda realidade. Parecia uma tradução grosseira mas Gideon entendeu a mensagem.


E somente um Planeswalker como ele entendia o que ele queria dizer com "vazio sem cor ou fronteira..."


" Eu tenho crianças gritando nos meus ouvidos !!!" o capitão bradou. " Sem falar que estamos ficando sem comida ! Só posso contar com um punhado de homens capazes, insetos demônios descendo as encostas com a única intenção de nos massacrar e você quer que eu fale com o "Homem-peixe". "Se não der o fora daqui vai dividir a cela com ele !!!


"Senhor!" Gideon disse. "Eu duvido que sejam só "insetos-demônios..." 


O capitão, já com o rosto vermelho, levantou a mão num sinal de que não queria mais ouvir nada."Se não vai me ouvir deixe-me ao menos ajudar. Eu já estive mais de uma vez no campo de batalha." Gideon falou.


O capitão deu a ele um sorriso cansado e disse: "Agora estamos falando a mesma língua !"


A batalha começou com o pó amarelo. A nuvem doentia varreu todo o refúgio no momento em que os trabalhadores terminavam de reforçar a muralha interior. Gideon estava na torre da guarda, quando foi engolido por ela. Ele caiu de lá em cima de uma plataforma e cobriu seu rosto com o braço. Ele lutou pra respirar n'aquele ar arenoso, o gosto ferroso de sangue cobria sua boca exatamente como Tafre havia dito. Uma imagem perturbadora de corpos queimando surgiu na mente de Gideon. Aquele pó, lembrava muito as cinzas desprendidas por uma pira ainda acesa.


Quando o pior passou, Gideon lutou pra se por de pé e percebeu que o inimigo Já havia chegado aos portões.


Legiões de criaturas já se chocavam com a muralha. Algumas delas caminhavam em duas pernas enquanto carregavam atrelados a seu corpo membros que lembravam garras. Outros escorriam como se estivessem de quatro patas, com vários tentáculos e antenas saindo de lugares aleatórios em seus corpos membranosos. Essas estranhas criaturas emitiam guinchos perturbadores que chegaram a ameaçar até a firme Determinação de Gideon. As criaturas pareciam estar parcialmente degeneradas, Sua pele segmentada de uma maneira assimétrica e gradeada em alguns pontos. Núcleos amarelados pulsavam de dentro de seus corpos, como se a cor chamativa fosse um deboche de sua natureza horrenda.


Eles forçaram a entrada no baluarte que tremeu sob as botas de Gideon. Os arqueiros em cima das  plataformas, recuperados depois do ataque da neblina, atiravam incessantemente uma saraivada atrás da outra. Mas as flechas deslisavam dentro das criaturas como uma faca faz quando corta manteiga quente e não estavam conseguindo diminuir a velocidade do ataque. Se Gideon não fizesse algo, Forte Keff estaria perdido. De seu cinto, ele removeu seu "Sural", sua arma que se assemelhava a um chicote de muitas lâminas. Fixou sua mente, até que todo o medo desaparecesse e os ensinamentos de seu mestre inundassem seus pensamentos. Então, Ele saltou em direção a batalha.


"Eu sou o centro." Ele pensou, enquanto permitia que o mana se dispersa-se em suas veias como vidro. Era como seu mestre dizia: "Poder e sacrifício só podem existir em comunhão, como um olho e o sentido da visão." A luz cobrirá meus inimigos e eles estarão cegos a todos, exceto a mim. Se um coração será perfurado hoje, que seja o meu !"


Quando água é despejada dentro de um funil, ela segue um curso inevitável em direção ao fundo por todos os lados. Foi exatamente isso que aconteceu quando as criaturas viraram sua atenção somente a ele. Os conhecimentos mágicos de Gideon ressoavam alto em sua mente---- uma distração necessária dos guinchos abissais, dos ataques que encontravam sua pele desprotegida, e de qualquer emoção que o pudesse prejudicar. Ele girou as lâminas de sua arma tão velozmente que o próprio ar se tornou espada. "Dor" ele pensou, "Eu posso senti-la, mas não vai me vencer." "Morte. Se chegou a hora, terei prazer em receber."


Os gritos dos soldados de cima da muralha, o acordaram de seu transe assim como a pilha de corpos róseos e ensanguentados crescia a seu redor. Logo, o Sural ainda permanecia e Gideon estava de pé, com as pernas tremendo e ferido. Machucado, mas vivo. 


E assim ele se lembrou de um dos conselhos de seu mestre: "A dor é bem vinda. A Morte inevitável. Mas a honra é a única herança que um homem deve deixar. 


Gritos de alegria explodiram de dentro do Forte. Uma escada de corda foi jogada lá de cima e os gratos habitantes do refúgio ajudaram Gideon a subir. Forte Keff estava salvo.


Então... "ELE" apareceu no horizonte.


Uma vez Gideon havia pedido a seu mestre que lhe ensinasse mais. Mais sobre as eternidades cegas, mais sobre outros planos, mais sobre tudo. Seu mestre sorriu: "Nenhum homem deve buscar conhecer aquilo que ele não entende."


Ali, no horizonte, havia algo que Gideon não entendia. Entorpecido, fantasmagórico, 45 metros de altura... Algo NASCIDO DA LOUCURA. ELE flutuava sobre a terra, seus braços estendidos arrastando-se por uma paisagem que se transformava em uma cratera arenosa á sua passagem. Á distância Gideon pode ver fendas no ar ao SEU redor, como se alguma energia vibratória pulsasse de seu núcleo criando ondas de choque. As montanhas ruíam como se fossem feitas de areia. O vermelho sugado das rochas, o azul roubado do céu. A vida se transformava em vazio.


Com um arrepio na espinha, Gideon percebeu que não poderia derrotar aquela ameaça. O mais poderoso mago não passaria de poeira ao vento. Enquanto observava aquele "Deus", ele percebia que o "Surrakar" falara a verdade. Aquilo era o caos das "Eternidades cegas" em forma física.


Atrás dele, o capitão da guarda estava de joelhos, murmurando baixinho. Gideon colocou o homem de pé e o forçou a virar o rosto pra longe da criatura colossal que espreitava á distância.


"Solte o Surrakar ! Ele vai guiar vocês através do rio subterrâneo. Pegue todo mundo e parta !"


"Mas para onde iremos ???" O homem chorou.


"O mais longe que puder." Gideon respondeu. "Vou buscar ajuda."


Do topo da muralha Gideon esperou que todos os sobreviventes estivessem fora de vista. Por um instante ele olhou para ELE uma vez mais, deslizando no horizonte.----Obliterando tudo em seu caminho. Sua impiedosidade tornava toda á vida em pó e areia. Não parecia haver propósito em suas ações. ELE era incansável, irracional e aparentemente invencível.


Gideon sabia que precisaria de muitos como ele para sobrepujar essa ameaça. Ele ouvira a respeito de uma organização que agia entre os planos. Uma organização de planeswakers. Ele iria até RAVNICA e os encontraria. Esperançoso de que houvesse ainda alguma Zendikar quando retornasse. Ele prometeu retornar. E se transportou de lá.


Essa é uma tradução sem fins lucrativos do texto de Jenna Helland, publicado no dia 31 de março de 2010 no site da Wizards of the coast. Todos os nomes, imagens, personagens e o próprio texto são de propriedade da Wizards, uma subsidiária da Hasbro company.

Aí está pessoal, o texto que "quase" comprova que Gideon estará em "Return to Ravnica". Um grande abraço a todos e desculpem a demora, vou procurar ser mais rápido da próxima vez ! valeu e até a próxima viagem.

EXEMPLAR CAVALEIRO.